sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Chapter VI - Final...

Salão escuro, vazio onde só existia o espaço em destroços, de todos os acontecimentos trágicos nenhum deles foi capaz disso, entre a vida e a morte estava um rapaz em uma cadeira de rodas e ao seu lado um fantasma sentado a espera do acordar, o clima de desistência estava cravado naquele local preto e branco. Quando subitamente os olhos do jovem semimorto ergueram-se causando surpresa ao seu fantasma. Um súbito momento de felicidade apareceu diante do rosto de seu fantasma, momento que desapareceu quando ele percebeu o jeito do rapaz, que levantou devagar e olhou para ele com olhos frios...

- Você acordou... – Dizia o jovem fantasma. – - O que será feito agora? – A pergunta foi receosa.

O jovem andava lentamente até o seu fantasma, olhava para fundo de seus olhos, os olhos do fantasma estavam receosos ao olhar para aqueles olhos, aquele rapaz nunca teve um olhar assim, era como se fosse outra pessoa, aquele não era mais o medroso, inseguro ou fraco rapaz de antes, ele mudou...

- Chegou a hora. – Dizia o rapaz de forma fria. – Durante anos da minha vida, desisti de tudo em prol de sonhos e metas conjuntas, controlei tudo que havia dentro de mim, por um futuro, sacrifiquei e sofri, visando a conquista de uma vida calma e tranqüila ao lado de alguém... Neguei a mim mesmo várias e várias vezes, desisti de mim, me separei de mim mesmo, acabei sendo dois.

O fantasma ali presente estava desnorteado com aquela maneira fria de falar vinda do rapaz, do qual ele sempre teve que cuidar, um rapaz sempre trajado em roupas rasgadas e velhas, naquele momento, ele se sentia sendo engolido por algo...

- E agora? O que você vai fazer? – Dizia o fantasma tentando forçar seu sarcasmo clássico.

- Voltaremos a ser um só.

A resposta foi como um raio caindo sobre a cabeça do fantasma, que dava passos para trás em receio.

- Você não pode fazer isso, sem mim o que será de você!? Quem ira controlar seus impulsos? Quem vai colocar juízo em seus atos!? Quem vai manter tudo do qual construímos!!!?

O rapaz olhava para os lados observando todo o local sujo, decrépito e destruído do local...

- Desculpe, mas eu não posso mais negar o que eu sou. Quando mais eu me prender aqui, mais louco e insano eu vou ficar, mais destruído e destroçado irei me tornar. Observe tudo meu caro amigo, esta tudo destruído, morremos no final das contas, tudo acabou, vamos nos unir, estamos mortos, nosso lado humano morreu junto com essa sala fria e solitária. Unidos, abraçaremos o que somos de verdade, um só. Um único monstro. Nos chamaram de psicopata, sociopata, o que for... mas nunca mais negaremos a nossa própria natureza. Nunca mais...

Neste instante o jovem tocava o peito de seu fantasma, que lentamente desaparecia em pedaços de cinzas espalhados pelo ar, que entravam dentro do jovem, transformando-o em um novo ser, a união de duas consciências, um novo ser trajando um paletó todo negro com uma gravata vermelha sangue, com longos cabelos negros e um olhar vazio, ele mesmo andava ate a porta de madeira existente naquele salão e a abria calmamente e entrava dentro da mesma... Saindo para um local com nada fora, parecendo que ele estava dentro de um vasto universo, escuro, silencioso e vazio...

- Este sou eu. Um imenso vazio... – Dizia o novo homem ao contemplar sua própria existência...

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