Um salão todo bordado com entalhes em preto com as paredes em vermelho, um lustre de cristal encima com um liquido viscoso vermelho dentro dele, uma vitrola velha com entalhes dourados e um disco desligado, no banco havia um homem com roupas sociais negras , cabelos ondulados negros e olhos azuis mortos, do outro lado encostado na parada com roupas mulambentas, uma camisa preta folgada e uma calça jeans surrada, encostado na parede do lado da única porta do local, um aporta de madeira velha, sem trinco...
- O que você tem? - Perguntava o rapaz de olhos azuis mortos.
- Nada.... – Respondia o rapaz jogado.
- Eu te conheço faz um tempinho guri... – O jovem tomava um gole de vinho em sua taça dourada.
- Eu quero morrer.
O rapaz elegantemente se virava mais para encarar o jovem desarrumado a sua frente para encará-lo com certa ironia.
- Morrer? Por favor, para que isso? Por que isso? – Dizia o jovem curioso.
- Por que eu quero começar tudo denovo....
- É assim? Erra e quer “resetar” ? Pensa que a vida é fácil ?
- A vida não é fácil, mas ela foi muito difícil.
- Uai, não gostava dos “desafios”? - Dizia em um tom irônico.
- Eh... – O rapaz isolava-se em seu próprio mundo mental...
O jovem estava sentado olhando para o rapaz ali a sua frente, eles eram parecidos, praticamente iguais, porem o rapaz desleixado possuía olhos castanhos escuros e uma feição bem acabada.
- Eu... – Sussurrava o jovem encostado na parede – Eu quero acabar comigo, beber, fazer qualquer coisa que acabe com meu amor e orgulho próprio, eu quero me jogar na sarjeta por vontade própria, cair de não conseguir levantar – Soluçava – Acabar com minha alma até os últimos vestígios acabar com todo o orgulho dentro de mim, fazer tudo q eu sempre desaprovei, me jogar no pior de todos os casos – As palavras já estavam entre soluços e lagrimas – Me olhar no espelho e nunca mais cogitar em querer falar nada que seja “certo”, não quero mais esse fardo de me sentir “certo” ou “superior” eu quero o mais baixo nível de todos, para poder ficar calado, quieto, destruído... mas em paz! Sem querer ter o direito de encontrar alguém “certo” não quero mais isso, eu não quero mais sofrer desse jeito, com tudo de ruim dentro de mim, ciúmes, posse, tudo q eu acho que “devo dar” e “quero em troca” eu não quero mais isso, eu cansei de sofrer com isso, cansei, cansei cansei!!!! – O desespero e insanidade eram como uma melodia harmônica vindo da alma.
O jovem de roupas sociais negras se levantava e sentava ao lado de seu companheiro, envolvia seu braço na lateral dos ombros do jovem desesperado...
- hum... complicado. – Olhava para o garoto triste com olhos realmente preocupados e sinceros.
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